sexta-feira, 29 de maio de 2009

xadrez na Alemanha

Projecto especial leva o xadrez a escolas infantis na Alemanha
Em mais de 150 jardins-de-infância no estado alemão da Renânia do Norte-Vestfália, as crianças recebem aulas de xadrez. Especialistas acreditam que o jogo incentiva o pensamento lógico.
Convencido dos efeitos positivos do xadrez para o desenvolvimento infantil, Ralf Schreiber, consultor de marketing e entusiasta deste jogo, conseguiu, há pouco mais de um ano, convencer políticos, empresários e associações a viabilizarem um projecto a ser realizado em mais de uma centena de jardins-de-infância na Alemanha. A ideia era ensinar crianças, desde pequenas, a jogar xadrez.
Iniciado em Março de 2007, o projecto começou em 157 instituições de ensino infantil e já foi ampliado para mais 11, tendo-se tornado objecto de pesquisas científicas. Na cidade de Hattingen, por exemplo, várias escolinhas aderiram ao xadrez, sempre com acompanhamento de especialistas que estudam a influência do jogo nas crianças.
Schreiber, com o apoio de sua mulher está convencido da relevância do xadrez para as crianças, conta que ensinou à própria filha de dois anos as artimanhas do jogo. «Fomos introduzindo as peças aos poucos e também a forma como ela deveria mover as peças. Um dos truques que utilizamos foi espalhar alguns chocolatinhos pelo tabuleiro. Ao tomar uma peça no jogo, ela podia devorar um pequeno chocolate de verdade. Em poucos dias, ela já sabia reconhecer todas as peças. E isso com dois anos e meio. Com três, ela já jogava xadrez», conta Schreiber.

Comunicação, fantasia e comportamento
O xadrez, lembra Schreiber, incentiva, desde bem cedo, o pensamento lógico, a comunicação, a fantasia e o comportamento. «Primeiro explicamos o nome de cada peça com pequenas representações teatrais. As crianças não começaram a usar o tabuleiro, mas sim o próprio corpo, imitando os movimentos de cada figura do xadrez. Depois fomos ensinando sistematicamente o que eram a torre, o peão, o rei, a dama e o bispo», conta Sabine Zysk, educadora de um jardim-de-infância na região.

Cepticismo de alguns pais
O entusiasmo das crianças pelo xadrez surpreende, em parte, os próprios pais. «Achei, de forma geral, uma boa ideia, mas não pensei que resultasse, porque jogar xadrez é uma coisa chata. As crianças têm que ficar sentadas durante muito tempo, eu não imaginava que resultasse», confessa Nicole Gambalat, mãe de uma criança que frequenta uma das escolas infantis envolvidas no projecto. Para contar com o apoio dos pais, as escolas oferecem cursos para os adultos interessados.
O argumento dos “pais” do projecto é o de que o xadrez aumenta a concentração e a disponibilidade de cooperação, fazendo também com que as crianças aprendam a perder em situações competitivas.
Caso os estudos com as crianças de Hattingen conduzam a resultados positivos, como está a acontecer, o projecto será possivelmente ampliado para o maior número possível de creches e jardins-de-infância do estado.

Artigo de Leila Winther lido na Deutsche Welle online.
in: Ala de Rei